quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Um simples arroz



meu almoço em 20 de fevereiro


Não foi meu primeiro arroz, mas foi o primeiro que deu certo!
Para muitos talvez seja algo bem simples, mas para quem nunca passeou pela cozinha...
Foi uma vitória!
Acompanhou salada, almôndegas, purê... tudo feito por uma caloura!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Próxima parada: Teerã

Profa Azar Nafisi,2008 Fotp: Kevin Clark
 O livro que mais me atravessou surpreendentemente em 2012 foi Lendo Lolita em Teerã (2010) da professora iraniana Azar Nafisi. Ela estará presente aqui nos próximos posts.

Prévia:  Azar Nafisi era profª de estudos ingleses em Teerã. Iraniana, de família de intelectuais, formou-se
nos Estados Unidos. Escreveu Lendo Lolita em Teerã livro sobre a experiência dela com a literatura durante os 18 anos que teve de passar no Irã como professora e, principalmente, como mulher. Ela analisa vários autores no livro, Nabokov, James,Austen, Fitzerald . Há varias notas de aula do grupo de estudos secreto que montou com 8 alunas.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Sentimento de Falcão no Punho

O Minhocão num sábado de carnaval


"É a minha própria casa, mas creio que vim fazer uma visita a alguém*"

*Llansol. Maria Gabriela. "Jodoine, 10 de maio de 1979" in Um Falcão no punho- Diário I. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2011

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Não há silêncio...tão controverso.


Comecei a ver com mais frequência na imprensa brasileira sobre a questão dos reféns das FARC na Colômbia depois do sequestro de Ingrid Betancourt em 23 de fevereiro de 2002. A ex-senadora passou seis anos e meio em cativeiro na selva colombiana com mais outros reféns, entre eles, militares do exército colombiano, três americanos, o também ex-senador Luís Eládio Perez, além de Clara Rojas com quem Ingrid foi raptada.
Manifestantes em Paris, foto de 06/03/2008

Em 2010, Betancourt esteve no Brasil para o lançamento de seu livro Não há silêncio que não termine sobre as memórias desse período. Na época, eu estava fazendo uma disciplina no doutorado exatamente sobre memória e testemunho, e me perguntei várias vezes se o testemunho da ex-senadora não representaria um conjunto maior, o das “vozes do sequestro”. Por motivos diversos, não pude fazer meu meu artigo final com esse tema e conclui a leitura de Não há silêncio... em janeiro deste ano.
Ingrid na FLIP em 2010 Foto: Lia Lubambo
Confesso que encontrei ali muito mais do que eu esperava em termos de qualidade. É um livro bem escrito, literário e bem acabado. E foi justamente isso que me chamou atenção: teria sido feito uso de um ghost-writer? Na busca de informações pela internet descobri que essa dúvida não era só minha, uns afirmavam outros negavam. Foi então que outra coisa me chamou atenção: o nome Ingrid Betancourt provocava reações de um extremo a outro, amor e ódio.

Durante o mês de janeiro pesquisei entrevistas, vídeos, busquei opiniões para tentar entender a defesa e acusação da ex-senadora. Seus companheiros de cativeiro acusaram-na de arrogante e manipuladora. Pelas declarações de Ingrid e também nos de seus companheiros, em entrevistas e em livros, as condições de vida dos prisioneiros era lastimável. Como os encarcerados de uma penitenciária comum, eles se amontoavam em espaços reduzidos. Muitas vezes, andavam e dormiam acorrentados por dias quando tinham de se deslocar na floresta, além de terem um tratamento humilhante e desprezível por parte de seus carcereiros. Uma situação na qual todos os envolvidos tiveram sua humanidade roubada. Por isso, não é surpreendente que as relações no cativeiro fossem tensas e que, mesmo fora dele, continuassem assim.
Última prova de vida dos reféns em 2007 (?)

Depois da libertação, em 2008, Ingrid Betancourt deixou a Colômbia e a vida política. Mas começou um longo período de exposição da sua imagem: declarações desencontradas com a dos ex-companheiros, a polêmica com o ex-marido, a indenização contra o Estado (que para os colombianos é algo completamente incoerente), a reação ruim da fundação que leva seu nome ao saber que ela não ganhou o Nobel da Paz. Essa sucessão de acontecimentos desgastaram Betancourt nacional e internacionalmente, até passar a ser motivo de sátira em programas humorísticos e também em outros veículos da imprensa, como nesta revista francesa: http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2010/09/15/satira-em-quadrinhos-mostra-a-ex-refem-das-farc-ingrid-betancourt-como-egoista-e-interesseira.htm.

caricatura de Ingrid por revista francesa
Dos vídeos que assisti na internet vi uma Ingrid Betancourt muito atuante na política de seu país, batendo de frente com as FARC e com a corrupção. Nas imagens da última campanha estava misturada aos populares, panfletando, discursando em bancos de praça. O que mais me impressionou nesses vídeos foi o tom da voz da ex-senadora. Uma voz pausada e certeira. Uma pessoa de carisma invejável. Provavelmente, o que mais depôs contra Ingrid Betancourt foi ter sido Ingrid Betancourt. O que esperavam dela após a libertação?

Reféns  em solo colombiano, 2008.
Pergunto-me, depois de seis anos e meio de cativeiro, seis anos e meio de fraturas como conciliar passado e presente? Quando Ingrid foi libertada havia com ela alguns soldados do exercito colombiano com mais de 10 anos de cativeiro, como é para cada um desses reféns contar a vida a partir do dia 02 de julho de 2008? Como manter a coerência, como entender as mudanças, a vida que passou para os outros na ausência deles? Como entender que cada um não é mais uma imagem congelada num cartaz, nem que a vida vai ser transmitida em rápidos segundos num rádio de ondas curtas?
Difícil.
Ingrid Betancourt em Paris, 2010 Foto: Emmanuel Dunand



Segunda-feira, 11 de fevereiro: o Papa renunciou


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Filme de Carnaval


Não, Django Livre, não é um filme de carnaval. É um  ótimo bang-bang com os "gatilhos mais rápidos do sul" dos Estados Unidos. Não sou cinéfila. Mas é um ótimo filme pra quem gosta do estilo e também pra quem gosta da "violência tarantinesca"

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Pesadelo II


Um cachorro carrega meu nome ausente pelas ruas de uma cidade desconhecida.
Talvez tenha sido alguém que amei de natureza muito próxima a dos cães. Mas não reconheço.
Seus latidos irritam as famílias, asustam as crianças, perturbam os poucos transeuntes noturnos.
É meu nome, eu sei. Meu nome nome ausente na boca de um cão.
Está louco! Querem sacrificá-lo. Armam...-se de paus.
Um dia, quando ele e eu tomarmos outras formas, talvez possamos nos reconhecer.
Por enquanto ele foge tantando alcançar uma outra cidade mais próxima e igualmente desconhecida.
Ignoro-o por não saber saber de nosso passado e de nosso futuro.
Sei que, neste momento em que o vejo correr, tomo consciência de que não existo.






C. em 27/12/12

Pesadelo I


Existe um desconforto entre mim e meus pensamentos. Um exagero de palavras ou de hipérboles mudas, às vezes. Sonhei, por exemplo, que voltava à cidade onde passei a infância. Na estrada encontrava roupas e sapatos dentro de uma sacola de plástico. Um vestido preto de cetim, sujo de sangue, um sapato de salto também preto e me vesti com essas roupas. Um carro para. Era um padre que nunca vi antes, dizendo-me que a dona daqueles pertences estava há meses desaparecida. Como sabia?Ele a teria visto pela última vez? Ele a despira e jogara fora o vestido e os sapatos. Entro na cidade, o carro some, as pessoas não me veem, tento alcançar a casa de minha avó, mas ambas não estão mais. Caio na ladeira que liga a rua a casa. Me rasgo, não sinto meus braços, minha boca sangra, sinto meus dentes quebrarem, tenho areia na boca. Escuto vozes de crianças. Não me veem.  Estou desaparecida há meses, quem sabe, anos. Qualquer sonho vira pesadelo. Abro os olhos o céu é cinza lá fora. A casa está vazia. Ninguém me chama.

(C. em 07/04/12)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Nas árvores

Ilustração do "Barone Rampante" de Domenico Gnoli (1957)


Dois anos depois desde o último blog, Ideias Adulteradas (2010), venho sozinha assumir o desafio de escrever Em cima das árvores.

Foi Cosme Piovasco, o barão de Rondó, quem me falou sobre essa técnica. Não a de escrever, mas a de observar o mundo e viver sobre as árvores. Um dia, no jantar com a família, Cosme se levantou da mesa contrariado com a péssima a refeição, subiu em um galho e nunca mais voltou a tocar os pés no chão. O barão cumpriu obstinadamente, até as últimas consequências, essa imposição tão difícil que atribuiu a si mesmo de viver nas alturas, separado da família. Cresceu, conheceu, amou, ajudou outras pessoas, envelheceu e morreu sobre as folhas.

Calvino, autor da história do Barão nas árvores, acredita que postura de Cosme é a mesma dos artistas e escritores. Para ele teria sido demasiado fútil fazer de um personagem que se recusa a andar pelo chão, um simples misantropo. Seu barão é um homem continuamente dedicado ao bem do próximo, inserido no movimento de seu tempo, alguém que sabe que estar com os outros seria também impor a si e aos outros aquela sua incômoda singularidade, “assim como é a vocação do poeta, do explorador, do revolucionário”1

Estou com Calvino quanto à semelhança da natureza de Cosme e a dos “artistas”. Porém, vivo num embate quanto a minha própria. Escritora, estudante, professora. Alguém que está aprendendo a viver em cima das árvores? Uma pessoa em trânsito? Ceará/ Rio de Janeiro? Família e Doutorado?

Desde a publicação de meu livro Eu vou esquecer você em Paris2 (2007) a fúria da escrita abrandou-se no meu cotidiano. Tenho escrito vagarosamente, algumas vezes, para os amigos, outras, para não me perder, talvez, como disse Clarice, “para salvar a mim mesma”.

No momento, estou tentando me equilibrar em cima das árvores3.




1 CALVINO, Italo. O barão nas árvores. In Os Nossos Antepassados. Trad. Nilson Moulin. São Paulo: Cia das Letras, 1997.
2 Eu vou esquecer você em Paris (2007) foi escolhido o melhor livro de contos pelo III EDITAL DE INCENTIVO ÀS ARTES da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará , 2006. 
O título do blog também foi inspirado no artigo de Marcos Carvalho Lopes, segue link http://www.academia.edu/1451307/Em_cima_das_arvores_a_filosofia_e_o_restante_da_cultura


OBS: o grupo Cordel do Fogo Encantado no  álbum Transfiguração (2006) gravou uma faixa intitulada  "Sobre as  folhas (ou O barão nas àrvores)" inspirada no romance de Ítalo Calvino.
Segue o link com a letra e o clip: http://letras.mus.br/cordel-do-fogo-encantado/780802/